segunda-feira, 22 de março de 2010

Perspectivas de ensino para a fundação casa lar mediante um olhar restaurativo

 GEPI – Grupo de Estudo e Pesquisa sobre a Interdisciplinaridade

Docente: Ivani Catarina Arantes Fazenda
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Discente: Caterina Casaretti

Trabalho de estudo: Perspectivas de ensino para a fundação casa lar mediante um olhar restaurativo

Nos atuais dias, quem é professor percebe que o grau altíssimo de violência nas salas de aula já se inicia desde a tenra idade.
Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. (FREIRE, 1996, p. 45).
Acredito que para revertermos esta situação é preciso fazer um trabalho extremamente massivo que envolva filhos, pais, comunidade, igrejas, professores, associações de bairro e demais órgãos representativos que exercem força democrática na sociedade.
Não se constrói a autonomia da escola senão mediante um entendimento recíproco entre dirigentes do sistema e dirigentes escolares entre estes e a comunidade escolar (incluindo pais) a respeito de que tipo de educação a escola deve promover e de como todos, em conjunto, vão agir para realizá-la. Não se trata, portanto, de um processo de repartir responsabilidades, mas de desdobrá-las, ampliando-as e compartilhando-as (Lück,2000,p. 250).
Partindo de um olhar onde o meio nos influencia, o influenciamos e cabe a cada ser buscar o que vem a ser uma pedagogia salutar.
Existem sistemas fechados e sistemas abertos. O sistema fechado não cria relação com o meio e tende à entropia e, consequentemente, à morte, o sistema aberto, ao contrário, mantém constante interação com o meio, e assim, a partir do conceito de retroalimentação, está sempre em mudança e numa constante troca com o meio, pois interfere no meio e também é afetado por ele. (Mariotti, 1995, p. 71-72).
Não se pode reformar a instituição sem uma prévia reforma das mentes, mas não se pode reformar as mentes sem uma prévia reforma das instituições. (Edgar Morin)
Projetar significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se a atravessar um período de instabilidade e buscar nova estabilidade em função da promessa que cada projeto contém de estado melhor que o presente (Gadotti, apud Sousa, 2002, p. 72).
E como afirma Proust:
Uma verdadeira viagem de descobrimento não é encontrar novas terras, mas ter um olhar novo. (Apud Morin, 2000, p. 07).
Daí a importância de um pensamento que evolua o nosso comportamento. Não basta o interno ter um tratamento saudável se os seus familiares sobrevivem em um grau de exploração humana muito elevada. Cuidar da educação e educar a ação; um trocadilho simples que reflete um conteúdo vasto e complexo. Como partir do caos à ordem? Se é que é esta a ideia, pois se é complexa compreende a desordem.
É preciso saber caminhar entre as brechas como a nossa orientadora Ivani Fazenda coloca.
Brechas da lei, brechas do regimento, brechas nos costumes e tradições, brechas de comportamento, resgatar o ser, dar-lhe dignidade e auto-estima, educando-o propriamente com um olhar libertador que o situe e o objetive na existência.
A maior parte das propostas de mudança social, entretanto, parte da falsa suposição de que grandes mudanças ocorrem a partir de grandes ações; que o benefício da mudança deve excluir grupos considerados não pertinentes, e a isso se junta o compreensivo desejo de que as mudanças nos atinjam e nos beneficiem ainda em nosso tempo de vida – com grandes e rápidas mudanças introduzimos tantas variáveis, simultaneamente, no sistema, que seria surpreendente se o resultado atendesse às nossas expectativas. Mas, as pequenas mudanças podem ser extremamente gratificantes por construírem um espaço próximo de convivência, sem que se espere sacrifícios ou heroísmos, próprios de instituições dogmáticas, de movimentos violentos, governos autoritários e anti-sociais (Andrade 2003, p. 20).
Saber captar o talento dentro de um olhar maltratado.
Não há casos perdidos, apenas a incompetência de si mesmo de não se deixar exercer a beleza de um ser e viciar-se em estados baixos de animo que só levam a trevas e mais trevas.
Começando pelo ambiente, não se pode educar num ambiente opressor, há de existir uma forma de diálogo que o faça restaurar-se como ser, se destruiu, construa, se espancou cuidará de suas feridas a exemplo.
O respeito ao outro e a si mesmo e o compartilhar dos resultados são características da educação, e seu método é invariavelmente o conversar, o comunicar, o dialogar (Andrade 2003, p. 20).
Sabemos que não é tão simples assim, que existem pessoas que nascem com uma carga genética que estimulam a violência, porém se não é pela educação não será por nenhum outro caminho.
A aquisição de uma consciência mais amorosa por parte dos envolvidos refletirá em situações mais harmônicas, como tornar possível um ambiente saudável?
A criação de ambientes participativos é, pois, uma condição básica da gestão democrática. Deles fazem parte a criação de uma visão de conjunto da escola e de sua responsabilidade social e a maximização de aptidões e competências múltiplas e diversificadas dos participantes; o desenvolvimento de processo comunicação aberta, ética e transparente. Esse ambiente participativo dá ás pessoas a oportunidade de controlar o próprio trabalho, ao mesmo tempo em que se sentam parte orgânica de uma realidade e não apenas apêndice da mesma ou um mero instrumento para a realização dos seu objetivos institucionais (Lück,2000, p. 27).
Partindo da infra à supra à estrutura e as suas interpretações de base, terá que haver um estímulo maciço à amorosidade, respeito às integridades, físicas, psicológicas e de conhecimento. A palavra é aprender a conviver. Se não houver este trabalho de projeto político pedagógico não poderá criar as situações necessárias para a mudança.
Há uma idéia de senso comum, inclusive de muitos pedagogos de que a pedagogia é o modo como se ensina, o modo de ensinar a matéria, o uso de técnicas de ensino. O pedagógico aí diz respeito ao metodológico, aos procedimentos. Trata-se de uma idéia simplista e reducionista. (Libâneo, 2002, p. 29).
O pedagógico refere-se a finalidades da ação educativa. Nesse entendimento, o fenômeno educativo apresenta-se como expressão de interesses sociais em conflito na sociedade. É por isso que a pedagogia expressa finalidades sócio-políticas, ou seja, uma direção explícita de ação educativa (Libâneo, 2002, p. 30).
Se um ser não é tratado com um ser respeitável, como poderá refletir aquilo que aprende?
O aluno aprende apenas quando ele se torna sujeito da sua aprendizagem. E para que ele se torne sujeito da sua aprendizagem precisa participar das decisões que dizem respeito ao projeto da escola que faz parte também do projeto de sua vida. Passa -se muito tempo na escola para serem apenas clientes dela. Não há educação e aprendizagem sem sujeito da educação e da aprendizagem. A participação pertence à própria natureza do ato pedagógico. (Gadotti, 2000, p.36).
Como reverter um colapso que existe no mundo há milênios?
Consideramos que não é possível pensar o futuro da escola se continuarmos satisfeitos com explicações parciais e fragmentadas da participação, da educação e principalmente da ciência, como se ela  desse conta da nossa realidade e como se fosse admissível continuar a deixar de lado aquilo que consideramos de difícil explicação porque relacionando à emoção, à sensibilidade, a subjetividade e não simplesmente à razão  ao quantificável ao mensurável (Padilha, 2003, p. 100-101).
 A política restaurativa deveria considerar a exclusão dessas famílias que estão totalmente degradadas pelas políticas públicas desonestas e insatisfatórias. Se quisermos realmente modificar algo é preciso saber de onde vem o problema.
Acredito que o passo inicial deve ser o sincero empenho de todos que se interessem pela melhoria da educação no sentido do estabelecimento de um clima de valorização incondicional da pessoa humana. Essa é a condição inicial e necessária para o surgimento de pessoas seriamente empenhadas no exercício da liberdade e da responsabilidade próprias (Silva, 1996, p. 118).
E de onde vem? Vem de mim, de ti? Trabalhar a educação como um todo não desconexo, aprofundar as causas que nos levaram a tanto sofrimento.
Foi o olhar, foi a atitude, a ausência, a intolerância?
Como afirma Santos:
O indivíduo atual é sincrético, isto é, sua natureza é confusa, indefinida, plural, feita com retalhos que não se fundam num todo.
O que resulta na descrença e na falta de esperança no futuro.
Se bloqueamos os pensamentos a tal ponto de retrocedermos em nossos comportamentos é aceitável se houveram danos nos relacionamentos e nas circunstâncias em que por acaso sofremos de acordo com um pensamento dentro de um conceito complexo, não importa de quem é a culpa, o condenar, o julgar e sim o restabelecer de uma harmonia dialógica, se for pela arte, ou pelo conhecimento de outras possibilidades de caminhos para uma existência menos rude, e desta maneira  não precisaremos mais pensar que o mundo não é farto, nós é que o escasseamos.
O desenvolvimento tecnológico e o surgimento de uma sociedade de consumo baseada nas leis selvagens do mercado surpreendem o sujeito que, desintegrado e sem tempo para si mesmo, procura juntar pedaços de informações desconexas entre si, em busca de algum sentido. (SHIMIDT NETO, 2007, p. 107).
Como ressalta Freire sobre o homem moderno:
Não sabe o que quer, o que pensa e sente. Ajusta-se ao mandado de autoridades anônimas e adota um eu que não lhe pertence. Quanto mais procede deste modo, tanto mais se sente forçado a conformar a sua conduta à expectativa alheia. Apesar de seu disfarce de iniciativa e otimismo, o homem moderno está esmagado por um profundo sentimento de impotência que o faz olhar fixamente e, como que paralisado para as catástrofes que se avizinham (Fromm Apud Freire, 1980, p. 44).
Nós o engessamos, tornamos fraco e doente, daí a importância de um salto na qualidade do estar no mundo com os outros e pelos outros como um resgate de nós mesmos.
Partindo da simplicidade:
Quais são os verdadeiros valores que tem uma verdadeira importância
O que é ser verdadeiro, íntegro, justo?
A quem interessa a justiça que presenciamos?
Qual é realmente a repercussão democrática em nossa história?
Aprender a ser humano, a ter um olhar complacente que desvele a dureza de tanto descaso histórico.
Se não optamos pela mudança de um paradigma que sempre se torna rígido no decorrer do processo, que venha uma alternativa flexível, ecossistêmica como sustenta Maria Cândida de Moraes.
O processo educacional deve levá-lo a desenvolver uma atitude construtiva, uma competência construtiva, modos construtivos de conceber, fazer e compreender, uma prática adequada para a produção de conhecimento. (MORAES, 2000, p. 199).
O poder atual está nas teias de relações representada pelo conjunto de informações e conhecimentos disponíveis nos poderes da mente sobre a força bruta, o que, em última instância, significa que o poder está sendo transferido para o ser humano, indivíduo, compreendido como um ser de relações, como tudo o que está na natureza. (MORAES, 2000, p. 210).
Uma pedagogia da autonomia como sustenta Freire, que perceba que não há ser que não possa aprender.  E:
“Uma das tarefas mais importantes da prática educativo-crítica é propiciar as condições em que os educandos em suas relações uns com os outros e todos com o professor ou com a professora ensaiam a experiência profunda de assumir-se. Assumir-se como ser social e histórico, como ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de ter raiva porque capaz de amar. Assumir-se como sujeito porque capaz de reconhecer-se como objeto” (FREIRE,1997,p.46). 
O respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceber uns aos outros. (FREIRE, 1996, p. 59).
Se as plantas são capazes de se adaptar aos lugares mais inóspitos e de maneira saudável, daí a chave para uma postura coerente de ensino, aprender a lidar com o caos e se possível dar-lhe um olhar mais sensível a verdadeira beleza do existir como objetivo sagrado de todo ser mediante sua transposta complexidade.
O Resgate do valor humano é de extrema importância para que possamos realmente trilhar por um caminho menos doloroso. Para que não precisemos viver dentro de prisões e fugindo de nós mesmos.
A educação deve conduzir o sujeito ao encontro de si mesmo, por isso a importância da autonomia. (SHIMIDT NETO , 2007, P.51)
Que possamos ter uma razão de existir fundamentada na amorosidade como ponte à lucidez coletiva. Se precisamos utilizar recursos, que estes sejam recursos saudáveis que favoreçam à libertação das ilusões o que fortalece a interdisciplinaridade.

Referências Bibliográficas
ANDRADE, Arnon A. M. de; “complexidade e comunicação” In: GALENO, Alex; CASTRO, Gustavo de; SILVA, Josimey Costa da (Orgs.) Complexidade à flor da pele: ensaios sobre Ciência, cultura e comunicação, São Paulo Cortez, 2003.
FREIRE, Paulo; Educação como prática da liberdade. 17ª ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra,1979.
________. Pedagogia da Autonomia. 25ª ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1996. 
________. Pedagogia do oprimido. 17ª ed., Rio de Janeiro, Editora Paz e Terra, 1987.
GADOTTI, Moacir; Perspectivas atuais da educação, Porto Alegre, Ed. Artes Médicas Sul, 2000.
_______. “Escola Cidadã: a hora da sociedade” in GADOTTI, Moacir / ROMÂO, José E. (Orgs); Autonomia da escola: princípios e propostas, 5 ed. São Paulo, Ed. Cortez, 2002.
LIBÂNEO, José Carlos; Organização e gestão da escola: teoria e prática. 4 ed. Goiânia, Ed. Alternativa, 2003.
_______. Pedagogia e pedagogos para quê? 5. Ed. São Paulo, Cortez, 2002.
LÜCK, Heloisa; Perspectivas da gestão escolar e implicações quanto à formação de seus gestores. In: Em aberto. Gestão escolar e formação de gestores, Brasília, vol. 17, junho de 2000.
MARIOTTI, Humberto; Organizações de aprendizagem: educação continuada e a empresa do Futuro, São Paulo, Atlas, 1995.
MORAES, Maria Cândida de; Paradigma educacional emergente, 6 ed., Campinas, SP, Ed. Papirus, 2000.  
MORIN, Edgar; Os sete saberes necessário à educação do futuro, São Paulo, Cortez, Ave Maria, 1981.
________. A cabeça bem feita: repensar a reforma, reformar o pensamento, Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2000.
________. O método: a humanidade da humanidade a identidade humana Porto Alegre, Sulina, 2003.
________. Meus demônios, Rio e janeiro, Bertrand Brasil, 1997.
________.O método 2: a vida da vida, Porto Alegre, Sulina, 2002.
________. “A noção de sujeito”, In: SCHIMITMAN, Dora Fried. (Org.) Novos paradigmas, cultura e subjetividade, Porto Alegre, Artes médicas, 1996.
MORIN, Edgar e BAUDRILLARD, Jean; A violência do mundo, Rio de Janeiro, Anima Editora, 2004.
PADILHA, Roberto Paulo; Planejamento dialógico, 4 ed. São Paulo, Ed. Cortez, 2003.
PADILHA, Roberto Paulo e ROMÃO, José E.; Planejamento socializado ascendente na escola In GADOTTI, Moacir / ROMÃO, José E. Autonomia da escola: princípios e propostas, 5 ed. São Paulo: Cortez, 2002.
SANTOS, Boaventura de Sousa; A crítica da razão indolente: contra o desperdício da experiência, São Paulo: Cortez, 2001
SANTOS, Jair ferreira dos; O que é pós moderno, São Paulo, Ed Brasiliense, 22 ed. 2004.
SILVA, Jair Militão. Autonomia da escola pública, 6 ed. Campinas, Papirus, 1996
SHIMIDT NETO, Álvaro A.; Educação e complexidade – A construção do projeto político pedagógico, Ed. Cabral Universitária, Taubaté, SP, 2007.
SOUSA, José Vieira e CORREA, Juliane. Projeto pedagógico: a autonomia construída no cotidiano da escola: In: VIEIRA, Sofia Lerche (Org.) Gestão da escola: desafios a enfrentar, Rio de Janeiro: DP&A, 2002.

quarta-feira, 17 de março de 2010

O valor único coletivizado

Trabalho de estudo:
                                               Discussões do grupo
                                               A importância da pesquisa
                                               O valor único coletivizado
                Minha posição em relação ao grupo é a de que estar no GEPI é como cuidar de nosso jardim interior em abraçar a vida de forma ativa e estar atento às solicitações momentâneas e adversas que nos cabem trabalhar, ouvir o que a vida nos coloca em mãos fortalecendo as teses das existências pacíficas; como o axé que representa a razão do existir, o grupo está e se coloca como uma razão de ser; como fundamenta o educador por mim tão estimado, Paulo Freire, que pelo meu incipiente conhecimento, é exemplo de um ser que representa tudo aquilo que encontro dificuldades em expandir: 
Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. (FREIRE, 1996, p.45.)
Daí uma força necessária como uma magia que o cinema apresenta nos filmes de nossas vidas como sustenta o diretor e cineasta Fellini: “A improvisação é um milagre que só engana quem desconhece a técnica necessária para as práticas criativas”, e é assim que eu percebo o grupo, que exige uma rigorosidade em pesquisar aquilo que somos para expandirmos como ponto crucial a ponto de trabalhá-lo a integrar à voz coletiva e belissimamente a voz do grupo nos orienta que se não houver uma estrutura de valores estabelecidos para viver não se pode seguir e isto exige que participemos do eixo de culminância espiritual em sermos um corpo ativo e que se não formos capazes de nos encontrarmos no outro e com o outro, não nos encontraremos com ninguém o que para mim é claro como um aforismo Confucionista que questiona a situação de que se perdêssemos a proteção dos céus em que lugar poderíamos restar seguros?  No retornar ao histórico de nós mesmos de forma amorosa leva à possibilidade de se reconstruir a cada momento e com uma nova percepção exercida de uma reflexão alimentada por todos.
E o “ato de dar sentido à vida” pode ser feito a cada momento, por qualquer pessoa, independentemente de sua idade, sexo, classe social, nível de escolaridade etc. E, com essa perspectiva, incorporamos a Educação como disciplina, e a interdisciplinaridade como atitude perante o saber, (...) ampliando a reflexão sobre o tema.
(BRANDÃO, Vera 2008, p. 16)
Tenho para mim, e faço minhas as palavras de Goethe:
Quem não está convencido de que todas as manifestações da essência humana, a sensibilidade e a razão, a intuição e os entendimentos, devem ser desenvolvidos para se tornarem predominantes em cada um, passará a vida se esgotando nesta redução desagradável e nunca compreenderá, porque tem tantos inimigos tenazes e porque ele mesmo às vezes também vai confrontar outros como inimigos. Assim, um homem nascido e formado para as assim chamadas ciências exatas, quando estiver no ápice de sua razão – entendimento não compreenderá facilmente que pode haver também uma fantasia sensível exata, sem a qual a arte é impensável. (Goethe, 1998, p. 42.)
E percebo a importância da reverberação:
Oração para a Microafinação

Ao grande ser o meu sincero agradecimento ao Pai celestial,
Que eu seja um instrumento da paz,
Que eu afaste o ódio e vibre o amor,
Que eu sempre mantenha afinado o meu instrumento interior.
Na ofensa que eu nunca perca calma e perdoe mesmo
sendo ofendida porque somos todos partes do grande pai.
Que a humildade me guie no caminho para a contribuição em partilha
E a sempre ter forças para lutar por ela.
Que a fé seja a luz sobre a dúvida.
Que a esperança brilhe apagando o desespero
Que este seja desacreditado
Como é a ilusão, a tristeza, o erro, a dor e as trevas
Que eu vibre sempre a luz com a cor da fé
A fé na vida que fortalece os homens em sorriso como contribuição à paz universal
Pai querido, eu agradeço o caminho, o guia, a luz, e a felicidade
Prometo sempre tocar meu instrumento um pouco melhor a cada dia para que sua música seja divina em todas as suas tonalidades.
Grazie per Tutti Caterina
                (Memorial Acadêmico, 2009, A memória é uma Ilha de edição)
De todos os problemas que enfrentamos diariamente, e que não são poucos, percebo a profunda importância em fazer reverberar uma vibração amorosa e ativa que nos cure dos apegos infantis a todos nós e nos faça saltar para um estado de vibração que tenha uma ordem harmônica e vibre a música da beleza interior em expansão. Não podemos mais viver numa ilusão coletiva que desrespeita profundamente as essências em razão de um pequeno status fictício e confortos predefinidos, que possamos nós caminhar pela liberdade de estar em contato com todos que se propuserem a praticar esta onda de vibração a favor da cura de nosso planeta tão sofrido com seres que decaíram em ruínas existenciais da mais profunda ignorância existentes no pensar que a realização acontece ao se pisar nos outros seres para se perpetuar-se no topo sem ao menos refletir sobre esta posição que poderia ser um ponto de contemplação que elevasse a todos e ao mesmo patamar, sem jamais ter que agir de forma egoísta, pois, isto fere a natureza humana.
                                Tenho dificuldades em objetivar a minha existência, em não poetizar as palavras e sim integrá-las na ação, fazer valer o sentido da comunicação.  Percebo que a cada momento de minha formação sinto que poderia estar além, porém há o materialismo histórico e é preciso buscar a existência que grita uma alimentação diária, tenho que pensar em todos, me salvar, e libertar-me de minha auto-opressão, resumindo, seria, o crescer. E não posso fazê-lo sozinho, não há sentido nisso, pois, se não evoluo junto me prejudicarei junto, é fato.
Como desabafa Chico Science:
A engenharia cai sobre as pedras, um curupira já tem o seu tênis importado, não conseguimos acompanhar o motor da história mas somos batizados pelo batuque e apreciamos a agricultura celeste,  mas enquanto o mundo explode nós dormimos no silêncio do bairro fechando os olhos e mordendo os lábios. Sinto vontade de fazer muita coisa... (Chico Science, Enquanto o mundo explode, 1996.)
Trabalho de estudo:
Desafios e perspectivas do trabalho interdisciplinar no Ensino Fundamental
Contribuições das pesquisas sobre Interdisciplinaridade no Brasil:
O reconhecimento de um percurso.          

Da auto-natureza interdisciplinar

Dentro de minha realidade atual, pensar interdisciplinarmente é a ponte para um mundo mais próximo de minha natureza verdadeira. Aprender a ser como coloca  o educador, Paulo Freire, no seu transpor para um “aprender a pensar certo” de forma a ampliar o individual para um olhar coletivo dentro da individualidade única de experiência divina e existencial do ser e estar no mundo e no ampliá-lo de forma a apaziguarmos nossos espíritos a ponto de realizarmos uma alteração em nossas consciências de maneira a contemplar as competências amorosas que vem para possibilitar um sentido mais transcendente de nossa existência e ainda permanecer inacabado e em permanente construção e na contrapartida assistir a evolução de nós no ser do outro e reciprocamente.  Como na minha concepção, é natural no ser o ato lúdico e em particular é sofrido o bloqueio gerado por interpretações desfocadas das teorias que envergam ideologias manipuladas ao interesse de estruturas reprodutivistas e alienadas, e que no envolvimento em buscar o norte de erros, bloqueiam o espírito de ousadia natural da curiosidade humana. Ao invés de transpô-la a um pensamento mais sutil e adequado ao convívio que respeita as individualidades e esta respeita a individualidade do corpo único social.
Dar ao exercício da humildade o valor ético de uma integridade pública, que exige rigorosidade e planejamento eficaz observando pacificamente uma espera ativa e que valorize o ser não nos sujeitando a falsas honrarias que fortalecem uma opressão silenciosa, é de extrema necessidade.
Praticar uma postura coerente com um discurso que não está solidificado e abre gratuitamente a possibilidades a um abraço de uma evolução necessária, uma felicidade merecedora e que partilha uma identidade universal de energia de sermos todos um com o grande espírito que nos anima em direção a nossa verdadeira essência mágica, que acredita no poder de um pensamento objetivado e libertador e que sincronize a providência ao necessário, partilhe da natureza única de que nada de real pode ser ameaçado e nada de irreal existe e assim persiste a paz de Deus que faz com que deixemos de temer a nós mesmos porque nos conhecemos e não deixamos que aquilo que não desejamos permaneça em nós, nos tornando seres de integridade ativa que se expande transformando tudo o que vê, que toca, que troca e absorve como um fluido vital. Atento as mensagens únicas de estar atento ao significado de uma existência que se pode transformar num trampolim de possibilidades múltiplas de significados; que no modificar o nosso entendimento a ponto de nos tornarmos luzes que fazem acender a outras luzes obscurecidas pelas suas feridas causadas pelas circunstâncias de um baixo estado de ânimo e da falta do contemplar o horizonte de nós mesmos, fechando-nos no gueto das ilusões que transformam mentiras em realidade e fazem-nos sofrer por sua inconseqüência e ignorância rude de acreditar que é possível ter felicidade individual que escravize o outro para a sua felicidade, se somos todos conectados e necessitamos de integração como podemos acreditar que existe verdade na ilusão daí a necessidade de expandir mesmo que nós, como crianças mimadas e má-educadas por este sistema soframos o desapego, ele é necessário, afinal crescer é um ato conflitante principalmente quando além do natural conflito há um conflito artificial que distorce a coerência de sermos irmãos e de olharmos o próximo como um oponente se eu sou o próximo e ele também sou eu e só há verdade em compreender que não há verdade científica, e que a única verdade está na lucidez de optar por se tornar um ser amplo de possibilidades e isto não é possível fazer sozinho.
Eu reconheço e vejo a graça em uma harmonia e vejo o barulho, assim como o lixo, como uma nota errada ou fora de lugar. Há graça nos desgraçados assim como é preciso reacender a pequena chama que parece estar apagada. Se a humanidade quer beber de uma garrafa fechada precisamos ajudar a despertar o sabor de conhecer o gosto além de distribuir abridor de rolhas para embriagarem-se de sabedoria.
Ousar, porque não se pode viver a vida com medo, contemplar, refletir, contribuir e exercitar para que façamos a prática da práxis na ação durante a vida no vivendo e sendo já que seguir é inevitável e se possível que seja de forma plena para que ninguém tenha que se arrastar mesmo sendo iluminado, ninguém merece conviver no silêncio da mediocridade da falta de argumento de uma atividade patética e sem fundamento, dar significado e ressignificar-se, é absorver do gosto do cotidiano como um palco em transição diária, eu vivo e ensino, aprendo, contribuo, recebo, dôo, e ao mesmo tempo em que preciso melhorar minha postura eu preciso me relacionar, eu preciso de relações que me fortaleçam onde eu possa me encontrar, pois estar só no mundo é naufragar na existência, é não comparecer as reuniões que irão contribuir para o sucesso da paz no mundo, as reuniões que farão as modificações necessárias de nos mesmos e que nos possibilitariam integrar de maneira a auxiliar a nós mesmos em absorver as competências necessárias para uma verdadeira qualidade de vida relacional objetivada.